terça-feira, 18 de novembro de 2008

Pablo Neruda


E ESTA PALAVRA, este papel escrito

pelas mil mãos de uma só mão,

não fica em ti, não serve para sonhos,

cai à terra: ali permanece.


Não importa que a luz ou a louvação

se derramem e saiam da taça

se foram um tenaz tremor do vinho

se tingiu tua boca de amaranto.


Não quer mais a sílaba tardia,

o que traz e retraz o arrecife

de minhas lembranças, a irritada espuma,


não quer mais senão escrever teu nome.

E ainda que o cale meu sombrio amor

mais tarde o dirá a primavera.

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