sexta-feira, 14 de novembro de 2008

madrugada sofrida


Minha mente, por mais que eu tente, não esquece a sensação de rejeição, de ser usada e descartada, da raiva e ódio que se criaram dentro do meu coração.

O asco é tão grande que passei a noite a vomitar. Meu organismo tenta se livrar dos piores sentimentos que lhe invadiram.

Não esqueço os tantos anos de repúdio que sofri como mulher nas mãos de A. e das noites em que busquei E. e mais uma vez sofri rejeição.

Sei que minha doença pode ter roubado a minha juventude e beleza, mas continuei sendo mulher e necessitando ser desejada.

A minha auto estima morreu. Elas fizeram com que me sentisse indesejável, despresível, desmerecedora de prazer.

E., procurou-me poucas vezes, para compensar noites mal dormidas embaladas pelo gemido das duas na sala de casa.

Nunca fui convidada a participar das noites de amor que me levavam as lágrimas no silêncio do meu quarto. Cada noite dessas matava um pouco da mulher que existia em mim.

As duas sabiam disso e mesmo assistindo a minha agonia e afirmando veementemente que me amavam, me excluiam da diversão que na visão delas eu desmerecia.

O quanto sofri, o quanto chorei e briguei em vão. Me sentia humilhada ao procurá-las e receber negativas das mais descaradas.

Qual era minha função? Ouvir seus gozos e chorar baixinho em meu travesseiro, aceitar migalhas da E. que logo confidenciava em sua agenda o descaso pelo meu prazer?

Como posso ter descido tão baixo pelo amor a A. e paixão pelaE.? Por achar que doente, não merecia nada melhor. Não me dei valor. Elas também não me deram.

Hoje fogem das suas culpas, negam-se a falar comigo por terem medo do que a pobre doente é capaz de causar em seus corações.

A alegria expressa no blog da E. só é mais uma prova do repúdio que sentia por mim e do uso que fez das forças que me restavam para proveito próprio. Nem uma linha de tristeza pela minha partida, nem ao menos como disfarce, para que pensassem que ainda havia nela algum carater.
Ela me usou materialmente, usou-me para ter acesso a A. Usou-me para cuidar da sua filha e quando todas as forças gastas pela luta pelo seu amor sessaram, ela me descartou, como um velho objeto sem utilidade. Jurou que me amava, mas quando adoeci, me ignorou em minha própria casa, como se não tivesse sido eu a lutar de todas as maneiras para trazê-la de volta quando desejou, como não tivesse sido eu que havia confidenciado a ela meu amor e minha entrega incondicional. Chegou a um desgaste tão grande que covardemente gritou e xingou-me sem que ao menos eu pudesse reagir sem parar num hospital. Dito e feito.

A. que movida por culpas, fingia amor eterno a pobre doente que também lhe era conveniente por esperá-la sempre de braços abertos depois de um dia de farras e galinhagem, me abandonou assim que recebeu a primeira negativa de liberdade. Eu presa a uma cama, com problemas na fala, neguei-me a manter o teatro que a mantinha em pé. Não aceitaria mais o jogo. Queria amor de verdade. Ela partiu comigo, por culpa, mas A. e E. garantiram infelicidade eterna se não aceitasse a divisão de A. Não tive escolha. Chegaram-me até a propor um contrato, onde A. passaria um dia com cada uma.
De início aceitei, mas não resisti. Pra mim chegava da grande farsa . Queria ser amada de verdade, na saúde e na doença, até que a morte nos separe, como ela havia jurado um dia antes.
Fui abandonada doente, sem uma conversa cara a cara pelas duas, que fugiram com a alegação de não me causarem mais mal.
É nervosa, a pobre doente, desmaia, vomita, chora, grita. Só esqueceram que não cheguei onde cheguei sozinha, mas terminei sozinha, na casa de meu pai, pagando pelos erros das três enquanto elas passam o tempo fazendo amor e expondo sua felicidade na internet a quem queira ver.
Não vou permitir que esqueçam que o que houve comigo é em parte culpa delas e que se fugirem hoje, pagarão bem mais caro amanhã pelas mãos de outros. Elas que rezem pra que nunca fiquem doentes e que nunca precisem novamente de mim.

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